A eterna dúvida: devo pedir lagosta ou torresmo? Pratos bem diferentes, alguém poderia dizer. Evidente que sim! Um me remete ao luxo, o outro à simplicidade; um aos jantares em mesas com toalhas de linho, o outro ao boteco, às piadas sujas, às gargalhadas regadas a cerveja gelada. Entre um e outro, escolho o torresmo, claro. Bem crocante, com limão por cima, acompanhado de uma cachacinha branca para dissolver a gordura. Ah, não fosse o colesterol nas alturas, capricharia ainda mais na porção de torresmo. Eu olhando pra ela, ela pra mim, é irresistível. E a lagosta? Ora, já olhou uma lagosta nos olhos? Aquele estrabismo melancólico dá até indigestão antecipada, ainda mais naqueles restaurantes em que o próprio freguês escolhe o animal que será jantado. Alguém poderia dizer: e o porquinho? Não sei, diria eu, só vejo torresmo sem olho. Afirmo, pois, voto sempre no torresmo… até, ao menos, conseguir dinheiro para provar lagosta.