– Vai pra lá, Rafa, não tô conseguindo ver.
– Peraí, Marco, me deixa olhar só mais um pouquinho… ela tá vindo, isso, tá vindo, prendeu o cabelo. (Eles digladiavam cotovelo com cotovelo).
– Deixa eu ver, Rafa. (O gordinho não tinha força suficiente para empurrá-lo com o ombro).
– Calma aí, ela tá lá, ligou o chuveiro.
– Que saco, por que só você pode ver? (Ele se emburrou e cruzou os braços).
– Já disse, espera, você já vai olhar. (O beiço do gordinho ficava cada vez maior).
– Isso! Tá tirando a toalha (ele esfregava as mãos em pura excitação).
– Droga, eu também quero ver!
– Para de gritar, Marco, vai estragar tudo.
– Mas não é justo…
– Xiu! Para de falar! Agora vai, tá tirando, tá tirando, tirooou! (A feição de felicidade do garoto era única; a primeira vez é inesquecível!).
– Agora é a minha vez, sai.
– Tá parecendo um bebê chorão, chega de escândalo, já já é você… isso, devagar, isso, meu Deus, é a melhor experiência da minha vida! (Ele vibrava sem desgrudar o olho do lugar).
– Tá se ensaboando, devagar, vai e vem… não acredito, ela colocou a toalha na cabeça, deixou o resto sem nada! (Rafa fechou as duas mãos, fazendo gestos como se o Brasil tivesse marcado gol na final da Copa do Mundo).
– E eu, Rafa?
– Puxa, Marco… ah, ela tá indo, tá indo, puxa… ela foi… pronto, é a sua vez. (Rafa desgrudou o olho do buraco na parede do vestiário feminino, dando lugar a Marco).
– Eba! (O gordinho abriu um sorrido). Mas, mas, ela já foi, não tem ninguém lá… peraí, ela tá voltando… ah não, mas tá vestida, droga… mas, mas, é a MINHA IRMÃ?! (ele fez uma expressão de surpresa e frustração enquanto Rafa deu um leve tapa em seu ombro).
– Tá vendo, cara, te livrei de ver a própria irmã pelada, isso que é amigo hein?