– Eu te amei muito, Lara. Te amei desde o primeiro momento em que te vi. Aos poucos fui me envolvendo com seu jeito, seu cheiro, seus beijos e, quando menos percebi, de tanto amor, fui possuído pelo ciúme. Confesso que fiquei doente, Lara.
– Mas também, seu Roberto, com uma beleza dessas, qualquer um se sentiria atraído. (Suor escorrendo)
– Não se meta, Joca, termine o que começou – (Pigarro) – Como eu estava dizendo, não tenho como expressar, principalmente nesse maldito instante, o quanto estou desesperado. Não era pra ser assim. Espero que um dia me perdoe. (Lágrima escorrendo)
– Eu avisei que mulher assim desperta cobiça. Se o caboclo esquentar a cabeça, acaba se perdendo. Mas também, com um corpo desses, qualquer um perderia a cabeça. (Pausa para um trago)
– Já disse que isso não é assunto seu. Aliás, você vai terminar isso hoje, Joca? Ou eu vou ter que contratar uma empresa pra finalizar essa porcaria de serviço?
– Desculpa, seu Roberto, desculpa. Só estava querendo te confortar. (Cusparada no chão)
– Bom, Lara, não sinto mais o calor da sua pele, nem o cheiro do seu perfume. Agora, coberto por seu sangue, basta rezar por você.
– Depois de matar a moça, o mínimo que pode fazer é encomendar sua alma, né? Mas também, por uma mulher dessas, qualquer um mataria.
– Joca, pelo amor de Deus, termine logo de cavar essa cova, meu presente pro descanso eterno do meu amor.