Depois de mais de um ano e meio publicando textos semanais no site, hoje acordei sem nenhum inédito. Talvez pelo processo criativo do meu novo livro, eu esteja tão focado na estória, que minha cabeça deixa de ir buscar outras ideias. Bloqueio criativo? Na última semana escrevi treze páginas, uma parte densa sobre cheiro de morte, disputas mágicas e fugas eletrizantes. Tracei rotas pela Europa e levei os personagens a lugares remotos.
O terceiro ato do livro está por começar e, com ele, as perguntas surgem: Como vão enfrentar a tirania? Qual será a batalha final? Quem vai morrer? De qual forma escaparão da mais poderosa seita mágica do mundo? Eu também não sei. Mas estou sendo acordado na madrugada pelos protagonistas, eles querem que eu dê um rumo diferente do que está na minha mente. “Presta atenção, Pedro, descreva a cena exatamente assim…”. “Porra, mas o livro é meu”, respondo. “Mas quem está lá sou eu”, me retruca. As anotações são definitivamente a lápis. Apaga. Reescreve. Fica puto. Toma uma cerveja. Fica puto de novo. Uma boa ideia surge. Não encaixa. Reescreve. Faz caminhada pra espairecer. Vem uma ideia. Anota como dá. Dorme. Não dorme. Toma mais uma cerveja. Fica feliz quando acerta. Escreve uma linha. No outro dia, escreve uma página. No outro, nenhuma palavra. Vibra quando consegue passar de duas páginas no dia. Aí merece uma cerveja.
Já me perguntaram várias vezes como é o meu processo criativo. Às vezes eu respondo que sigo o conselho do Papa “é muita cachaça e pouca oração”. Mas não é verdade. Tem estudo, tem dedicação, tem disciplina… e oração pra cacete. “Me ajuda aí, Deus, só um pouquinho”. Ele normalmente atende.
Completo hoje setenta e sete textos escritos no site. Além dos dois livros publicados e outro que está por vir. Estou feliz demais. A escrita faz bem pra minha cabeça e pra minha alma. Que os personagens me visitem sempre. E desenhem a jornada. O mais importante, que os leitores se emocionem e sintam um pouco do que eu vibro na escrita de cada texto.